segunda-feira, 2 de julho de 2012

REGATA CHICO MENDES

Olá Pessoal!!!

Neste final de semana refizemos um passeio diferente. Para aqueles que não sabem, meu primeiro veleiro cabinado foi um Ranger 22 - comprado em sociedade com um amigo com o propósito de corrermos regatas. Sempre participamos ativamente das regatas da Classe Ranger, com especial interesse em algumas bastante tradicionais.

A Regata Chico Mendes é uma dessas especiais, por dois motivos: ela homenageia o saudoso Chico Mendes, velejador da Classe desde sempre, cartola e grande incentivador do esporte. O outro motivo é a programação diferente deste evento. A regata é disputada largando das proximidades do ICJG, na Ilha do Governador (um grande bairro do Rio de Janeiro), com chegada na bucólica Ilha de Paquetá, no fundo da Baía de Guanabara. Lá, na noite de sábado, após a regata, é realizado um Queijos & Vinhos de confraternização e em seguida podemos pernoitar a bordo de nossos barcos, na calma e segurança do Paquetá Iate Clube.

Dominus e Araiti, vistos de bordo do Taormina
Este ano, como estou com filho pequeno, deixamos de participar da regata e decidimos ir diretamente para a ilha. Vários amigos, rangeristas ou não, combinaram de se encontrar lá e a empolgação era grande. De Niterói, partiriam em comboio o DOMINUS (meu Ranger 22), o ARAITI (Velamar 31 do comandante Luciano Guerra) e o Delta 26, TAORMINA, do comandante Mário Grillo. Eu passei as últimas semanas preparando o barco, a fim de que nada desse errado, inclusive mandando limpar o carburador, troca de velas, revisão e regulagem do motor de popa do Ranger - um Mercury 8hp. Coloquei umas capas novas que havíamos encomendado para o estofamento do barco, fora a reforma da genoa, feita recentemente pelo Arnaldo, da Cognac Velas.

É... Não deu.
Muito bem, ... barco abastecido; todos a bordo; zarpamos do PCSF pouco antes das 13h, para uma travessia de aproximadamente 11 MN. Com pouco mais de 200 metros navegados, meu querido 8hp deu suas primeiras tossidas e 50 metros depois apagou. Experiente azarado que sou, não me abalei com o percalço, afinal haviam dois companheiros que poderiam me rebocar sem problemas. Meti a mão na cordinha e duas puxadas depois ele já estava empurrando o Dominus novamente, ainda que sob protestos, na forma de tossidas, engasgadas e perdas de aceleração. Eu, mais interessado na farra que meu pequeno tripulante fazia e nas fotos que estava fazendo, simplesmente ignorava aquele ser. "Se quiser reclamar, vai falar com o Murphy!!!" - pensava eu.

... mas "vamo que vamo"!!!

A passagem por baixo da Ponte Rio x Niterói marcou, aproximadamente, o meio da viagem e, também, a revolta definitiva do motor. Prontamente o Luciano jogou um cabo de reboque para mim e o Dominus completou sua travessia rebocado pelo Araiti.

O dia estava lindo e a Baía de Guanabara, a despeito de toda poluição, continua linda. Mas, conforme o Luciano muito bem apontou, o modelo de progresso escolhido pelo homem acabará com tudo isso num futuro não muito distante. Pra qualquer lugar da Baía que olhávamos, lá estavam os terminais portuários ou petrolíferos, os estaleiros, as plataformas tampando a visão do Pão de Açúcar e uma infinidade de navios de apoio a exploração de petróleo. Lamentável. Por outro lado, foi com uma alegria enorme que vimos alguns golfinhos passeando entre os monstros de aço.

O Pão de Açúcar (ao fundo), ofuscado pelo "progresso"
Chegamos a Paquetá próximo das 15h, cheios de fome. Fui recebido pelo amigo Marcial Ávila, a quem joguei o cabo de amarração e atraquei ao lado do seu Brasília 32, MIXUCA. O Marcial, sempre ele, ainda me recebeu com um copo de cerveja e assim, iniciei os "trabalhos" do final de semana. Sentamos em outra mesa e almoçamos duas travessas de risoto de frutos do mar e outras duas travessias de filé de peixe ao molho de camarão. Aos poucos o pessoal da regata e outros participantes foram chegando e a social foi crescendo na varanda do Paquetá Iate Clube.

Social de fim de tarde, enquanto aguardávamos o almoço

Algum tempo depois, o Filipe chegou com seu catamarã Praia 30 e fomos apresentados (nos conhecíamos somente pelos grupos do Yahoo). Vendo aquele figurão magrinho, lembrei logo do Luciano, catando alguém para subir no mastro do Araiti, para trocar (ou desengripar) a roldana da adriça da mestra. Se não aparecesse ninguém mais magrinho que meus 74kg (estou de dieta e já emagreci 7kg - quanto arrependimento!!! rs), já havia me comprometido a encarar a faina. Fomos lá e o Luciano:

- Quanto você pesa, Filipe?
- 76kg. - respondeu ele.

O resto da conversa não importa. Me ferrei. (rs)


Casa cheia, fartura e muita animação
A noite foi maravilhosa! Temperatura agradável e um farto Queijos e Vinhos com minha família e cercado por amigos! Como do salão até meu barco eu tinha certeza que não haveria nenhuma blitz de Lei Seca, nem seria necessário dirigir nada além de minhas finas canelas, a única coisa que ficou seca mesmo foram as garrafas de vinho. Ao final da festa eu nem estava tão ruim assim, mas uma desequilibrada na beira do cais foi a senha para meus algozes amigos sentenciarem que eu estava pior do que bambu verde em dia de ventania:

- Olha a rajada!!! Joga o ferro, Lauro!!! Escora Renata, que o comandante tá perdendo o leme!!!

Após uma boa noite de sono, acordei com a voz do Luciano do lado de fora do barco resmungando que eu ainda não havia acordado. Levantei bem, porém um pouco cansado - sinal que a noite foi divertida e que o vinho era de qualidade. Tomamos um ótimo café da manhã, patrocinado pelo Araiti, mas que foi servido na varanda do clube. Terminado aquele momento de prazer gastronômico, fui praticamente arrastado para bordo do Araiti, onde o Luciano, com a ajuda do Samuel Gonçalves e seu irmão - Jônatas, do R22 SET POINT¨, me vestiram uma cadeirinha de escalador e me içaram ao topo do mastro do Araiti. Só faltou o cara gritar lá de baixo que eu só sairia dali quando terminasse o dever.

O fato é que estava um sol de rachar e já fazia um calor considerável. Some-se a isso o esforço que fiz para escalar os 11 metros de mastro do Araiti, a bendita cadeirinha apertando meu estômago e estava traçado o ambiente que eu teria que trabalhar. Lá pelas tantas, comecei a sentir um pequeno enjôo. Olhei pra baixo e os três estavam ouvindo musiquinha, no maior papo animado. Gritei pro Luciano que não aguentaria ficar muito mais tempo lá em cima.

O lado bom de ter de subir no mastro é a paisagem que se vê lá de cima. Pena que não havia levado a máquina fotográfica. Olhando para o meu querido Ranger, ainda deu tempo de ver uma lancha manobrando para sair do cais e, claro, se enroscando no cabo da minha âncora. Devia ter reclamado, pois pior do que se embolar com o cabo do Dominus, o lancheiro, como lhe é peculiar, saiu acelerando tudo e as marolas sacudiram o Araiti freneticamente, turbinando meu enjôo.

Após trabalhar mais uns 10 minutos, não aguentei. Virei pra baixo e avisei:

- Luciaaaano!!! Meu enjôo tá piorand..... RAÚÚÚÚÚÚL!!! RAÚÚÚÚÚÚL!!!!!

Agora tô bem!!!
A cena foi cômica. Três marmanjos correndo do convés e quase se jogando no mar. O barco vizinho tentando fechar a gaiúta entre uma golfada e outra e lá se foi meu Queijos & Vinhos versão 2012 da Regata Chico Mendes. As pessoas na varanda olhando aquela cena incrédulas e a cara do Luciano após olhar o convés (e a cabine) do seu querido barco foi uma cena impagável. (rs)    Eu? Passou o enjôo e terminei o serviço tranquilamente, enquanto os caras limpavam a latrina que aquele barco se tornou.

Bem, passado o relato da brincadeira, é óbvio que fiquei sentido do estrago que causei. O Luciano é um cara muito legal e que sempre me ajuda (e muito) nas manutenções que sempre faço no MYSTIC (meu Fast 310). Eu queria muito retribuir tudo que ele já fez por mim, mas acho que aumentei minha dívida. DESCULPE LUCIANO!!!!!

Passado o episódio do mastro e após um banho revigorante. já era hora de retornar. A maioria dos barcos já haviam partido e ainda tínhamos 11 MN pela frente. As meninas foram a bordo do Ranger (por que será?) e eu fui com o Luciano a bordo do Araiti. O barco já estava limpinho e cheiroso e retornamos ao som de Metallica, dando gargalhadas do final de semana que passamos juntos.

Estamos programando nosso próximo passeio para o Saco do Céu, na Ilha Grande, assim que o Araiti retornar para sua casa, na Vila do Abraão.

Até lá!!!!
Araiti saindo de Niterói

Taormina, do comandante Mario Grillo


Tripulante
Relógio da Mesbla. Marco de chegada de Paquetá 

Os barcos no Paquetá Iate Clube

A turma de Niterói, com uniforme do Araiti

Café da manhã




Um comentário:

  1. Lauro,

    Muitos amigos foram! Todos adoraram, deve ter sido ótimo!

    Devo ir na patescaria! Quando ao relato da subida no mastro o ocorrido está famoso. AHhahahah

    Abraços,

    Matheus

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