quarta-feira, 8 de agosto de 2012

DE VOLTA À TAPERA


Olá pessoal!


Final de semana passado foi de passeio em Angra.

O amigo leitor deve até achar a história meio monótona, já que partimos do clube (ARMC) e acabamos indo novamente para o Sítio Forte. Só que desta vez fomos para outra praia, dentro daquela mesma enseada: a da Tapera, onde fica o Bar da Telma. A história é legal e com retoques de agitação. Leia até o final que você não vai se arrepender. (rs)

A semana cansativa, com muito (muito mesmo) trabalho, pedia um finalzinho de semana no paraíso sem muitos afazeres. O que eu queria mesmo era descanso e poder nadar com meu filhote nas águas calmas da Ilha Grande. Fazia mais de 1 mês que não visitávamos o barco em Angra, pois este é um período do ano em que temos uma série de compromissos e os passeios acabam ficando em segundo plano. Havíamos combinado com nossos parceiros de sempre - o Ulisses e a Marcela, do veleiro Coronado, de irmos para o Saco do Céu, onde encontraríamos com o Luciano (veleiro Araiti), no restaurante do seu tio, Cadiquinho. Conversando com outro amigo, o Mario Grillo, do veleiro Taormina, soube que ele estaria levando seu barco para Angra na 6ª feira e que passaria uns dias passeando pela região. Não combinamos nada de específico, a não ser da possibilidade de nos encontrarmos em algum destino. 

A já tradicional foto do Mystic chegando ao Sítio Forte,
com a Praia da Tapera ao fundo
A semana foi transcorrendo e, acompanhando a evolução da previsão do tempo para o final de semana, constatei a chegada de uma frente no domingo de tarde. O percurso de ida do ARMC para o Saco do Céu é uma velejada para E, passando por um estreito formado pelo continente e a Ilha dos Macacos. Com a volta programada mais ou menos para o mesmo período da chegada da frente fria, sabia que naquela passagem poderia pegar o SW da frente canalizado e pela proa, o que deixaria o retorno do passeio arriscado e cansativo. Conversando com o pessoal, acabamos decidindo ir para o Sítio Forte mesmo, pois meu retorno (e do Mário) para o clube seria com vento de alheta e o Ulisses e o Luciano retornariam com vento de popa.

Almoço a bordo
Como sempre, chegamos eu, minha esposa e nosso pequeno, sábado no ARMC, próximo à hora do almoço e, sem perder tempo, fomos logo para o barco. Arrumei rapidamente tudo, subi a mestra e zarpamos. Dessa vez, resolvemos não perder tempo almoçando no clube. A idéia era almoçar a bordo, durante a travessia. Para o cardápio teríamos panquecas de carne (dessas que se compra pronta) pra mim e pra Renata e papinha de estrogonofe para o Gustavo. Foi a primeira vez que testamos o forno do Mystic.

Saímos com um belíssimo sol e temperatura extremamente agradável. O vento estava muito fraco de E, o que nos fez motorar durante toda a travessia. O Mário me ligou, avisando que já estava em Sítio Forte, almoçando no Bar do Lelé e combinamos de nos encontrar mais tarde no bar da Telma.. O Ulisses estava finalizando os preparativos para zarpar de sua base, em Portogalo e o Luciano, não consegui contato. Aliás, tentei durante todo o final de semana e não consegui encontrá-lo. Foi uma pena, pois fez falta no nosso encontro.

A galera, no Bar da Telma
O Bar da Telma (que na verdade chama-se Recanto dos Maias) não tem a infra-estrutura do Bar do Lelé, por exemplo, mas considero um lugar muito mais aprazível, menos cheio e mais frequentado por velejadores, além de um atendimento quase familiar, com comida deliciosa. Pra quem puder ir lá um dia, não deixe de pedir uma Lula empanada e um Leite da Macaca - drink a base de coco e canela.

Passamos o resto da tarde e noite jogando conversa fora até que a bateria do pequenino acabou e o sono também nos tomou de assalto. Fui dormir logo, pois estava ansioso pelo dia seguinte para nadar com o Gustavinho.

O dia seguinte amanheceu com sol e uma leve e gelada brisa de SW. Fomos tomar café da manhã a bordo do Coronado e nos preparar para desembarcar na praia. Conversando com o Ulisses, ele comentou que na noite anterior havia um grande halo em volta da lua.

Café da manhã no Coronado
Nas palestras que já assisti sobre meteorologia, aquele seria um dos sinais da aproximação da frente. Infelizmente meu banho de mar com o Gustavo teve que ficar para uma outra oportunidade, pois o tempo começou a fechar, o vento parou e o clima ficou meio abafado - todos indicativos que o vento pré-frontal estava se aproximando. Resolvemos todos suspender e retornar para nossos clubes, antes que a frente chegasse.

Ajeitei o Mystic mais ou menos para poder tocar o barco com conforto e segurança, caso o vento entrasse e nos pegasse no meio do caminho. A verdade é que largamos a poita da Telma já sob as primeiras rajadas do pré-frontal. Tanto o Mystic quanto o Taormina partiram a motor, sem velas armadas e antes mesmo de sairmos da enseada do Sítio Forte, o SW já soprava vigoroso fazendo carneirinhos ali dentro como nunca tinha visto. O Mario optou por continuar motorando em seu retorno ao clube e eu, reduzi a marcha do motor para menos da metade (para continuar carregando a bateria) e abri uma "cuequinha" de genoa, de mais ou menos 1 metro. Com essa configuração, meu Fast 310 com fundo recheado de cracas (afinal, acabei não mergulhando, lembra?) andava mais ou menos o mesmo que o Delta 26 do meu amigo.

O vento já soprava forte e produzia borrifos, então resolvemos levar o Gustavo para dentro da cabine, mas alguns minutos depois, a Renata voltou com ele para o cockpit, ficando na entrada da cabine, pois achamos que ele ficou meio "murchinho", dando indícios que poderia estar mareando. Eu arriscaria dizer que o vento soprava acima dos 20 nós, com algumas rajadas beirando os 30. O mar levantou incomodamente e algumas marolas estavam estourando. No meio do caminho, já sem a proteção de qualquer ilhota, a combinação vento/ondas deixou a velejada bastante desconfortável, com o barco balançando muito e sacrificando bastante o leme. Procurei usar de toda minha experiência (que não é muita) para não forçar o governo do barco e surfar algumas ondinhas. Nosso anjinho, ao sabor de todo aquele turbilhão, pegou no sono, no aconchego do colo aquecido da mãe. Uma cena linda de ver.

Chegamos ao Clube no momento em que o vento praticamente parou, o que, pra nossa sorte, foi bom, pois facilitou bastante a aproximação e amarração do barco em sua poita. A parte ruim foi que, com o pré-frontal tendo passado, a chuva veio na sequência e nos pegou no exato momento em que deixávamos nosso querido Mystic no seu lar. Tirei meu casaco de tempo e o enrolei no pequenino e ainda abracei  mãe e filho, tentando protegê-los um pouco. Mesmo molhado, estava feliz, pois tudo correu bem e o barco aguentou firme e seguro as intempéries.

Agora é reagendar nosso passeio para o Saco do Céu, antes de fazer a travessia de volta à Niterói, onde pretendo realizar algumas manutenções no barquinho.

Até a próxima!

Desbravando novos cantos do barco

Bar da Telma
MYSTIC na Tapera

Não basta ser pai. Tem que participar

A Marcela é uma excelente cozinheira
O botinho surfava as marolas

Não faltou vento para o retorno ao clube

O vento levantou o mar