sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

AVENTURAS DE AUDITÓRIO

Olá amigos! Quanto tempo!

Desde quando comecei a fazer as manutenções no MYSTIC, a lista, que já não era simples, tornou-se ainda mais complicada, muito em função da minha dificuldade de estar sempre a bordo trabalhando. Cada tarde de trabalho significa uma tarde longe da família e quem tem filho pequeno sabe o quanto eles consomem um casal. Não dá para toda hora largar tudo e ir pro barco trabalhar. E assim o tempo passou... e pouca coisa foi feita, efetivamente.

Mas esse artigo não é para contar minhas lamentações. Quero compartilhar uma nova experiência vivida esta semana e que me proporcionou especial prazer: Virei palestrante!!! (rs)

Tudo começou alguns meses atrás, durante uma conversa com o Matheus Eichler - Vice Presidente da ABVC Rio e Comodoro da Flotilha Guanabara. Eu havia acabado de assistir a uma palestra ministrada por ele e estávamos conversando sobre as dificuldades de se estimular a vela de cruzeiro por aqui, o fardo que o Matheus e alguns poucos abnegados carregam sozinhos e a necessidade permanente de ajuda que eles tem. Eu já havia passado por isso quando organizei os agradáveis "Encontro em Seco" do Grupo Altomar e sei o quão valioso é qualquer auxílio.



Por outro lado, tenho consciência que, no atual estágio da minha vida, não tenho como me engajar num projeto com o compromisso que o Matheus se dedica. Eu já havia tentado ser útil, certa vez, a uma nova diretoria do meu clube - o PCSF e acabei me vendo obrigado a deixar a turma na mão.
... Mas queria poder ajudar de alguma forma...

Meu amigo de sempre e companheiro das travessias - o Ulisses sempre dizia que eu deveria ganhar um dinheiro dando aula de vela, já que sempre fui muito interessado em entender o comportamento das velas e do barco, sempre caprichava na regulagem e por isso tinha um bom conhecimento. Ele também insistia que eu tinha paciência pra ensinar e tal...

Naquele bate papo com o Matheus, ele me falou algo que acabou sendo a senha para eu ter uma ideia e, mais do que isso, criar coragem de pô-la em prática. Dizia ele que as palestras eram ministradas, muitas vezes, por gente do próprio grupo. Era uma troca de experiências e uma oportunidade de debate entre a turma. Ele ainda me perguntaria se eu não tinha ninguém pra indicar para falar de algum tema útil para a galera... Me senti estimulado, então a colaborar, pois era algo que não me tomaria tempo, nem me demandaria muitos esforços. Desta feita, indiquei meu amigo Luciano Guerra para dar uma palestra sobre meteorologia e me coloquei a disposição para falar alguma coisa sobre regulagem de velas.

A palestra do Luciano foi um sucesso e rende debates e questionamentos até hoje. O pessoal aprendeu um pouco sobre microclima e os sistemas que atuam em nossa região, especificamente. Algo de muito interesse, já que muitos conheceram alguns fenômenos característicos da Baía de Guanabara, por exemplo.

Minha palestra acabou ocorrendo algumas semanas depois e fiquei surpreso com os elogios recebidos, os quais agradeço, porém refuto em parte, pois não me considero um expert no assunto.

Eu baseei minha apresentação num livro que considero uma bíblia para qualquer velejador: "Manual de Regulagem de Velas", de Ivar Dedekan. Claro que minha experiência de 11 anos como regateiro fissurado e o aprendizado que tive com alguns grandes velejadores também ajudaram muito na montagem da palestra.

Basicamente procurei mostrar pra galera de cruzeiro (a qual me insiro, já que minha origem e formação na vela foi cruzeirando e hoje é o que tem me dado mais prazer) que uma boa e eficiente regulagem de velas não deve ser obrigação de quem corre regatas. Um barco corretamente trimado, além de andar mais (objetivo do regateiro), poupa mais o equipamento e traz mais segurança para a velejada.

Numa travessia Rio x Angra, por exemplo, de 12 horas de duração (em média), um barco corretamente trimado pode alcançar 0,5 nó a mais, o que lhe poupará, ao fim da viagem, cerca de 1 hora a menos.

Agora imagine uma velejada com vento mais forte? Velas corretamente içadas e trimadas vão reduzir o adernamento do barco e o peso do leme. A estrutura do veleiro agradece! (rs)

E se você está perigosamente sendo jogado numa praia a sotavento e seu motor não funciona? Maneje corretamente seus panos e orce contra o vento até alcançar uma distância segura.

Bem, existe assunto para um livro, mas deixo isso para o excelente trabalho do Ivar Dedekan. Podemos sim, quem sabe, organizar um novo encontro e discutir esse tema com mais profundidade.

Bons Ventos

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