quarta-feira, 26 de outubro de 2011

REGATA ANGRA x RIO

Olá Pessoal,

No dia 22/10 participei, a bordo do veleiro Araiti, do meu amigo - comandante Luciano Guerra, da Regata Angra x Rio.

Estava há tanto tempo afastado das travessias que a expectativa era enorme. Passei a semana, juntamente com o Luciano, analisando as previsões meteorológicas e avaliando a melhor estratégia para não fazermos feio na regata.

Na 5ª feira antes da regata, a tripulação se reuniu, avaliou as previsões e fechou a estratégia. Esperávamos ventos de E constantes, na casa dos 15 a 18 nós, podendo rondar para NE durante a noite e mar de SE com ondas de 2 metros a 2,5 metros durante a travessia. Dependendo de quanto tempo levássemos da linha de largada até a boca da Baía da Ilha Grande, esperávamos pegar maré enchendo com força e, se tudo corresse como estávamos prevendo, chegaríamos na boca da Baía de Guanabara tendo que enfrentar maré vazando forte.

A tripulação era composta pelo comandante Luciano Guerra, eu, o velejador José Andrés Monteldo "Chileno", pelo Marcello e pelo Igor. Uma tripulação heterogênea que, no decorrer da regata, foi o ponto mais forte da regata.

A REGATA

Nós largamos pela lado esquerdo da linha, sob ventos de E na casa dos 15 nós. A estratégia era velejar mais pra dentro da baía até o canto da entrada do canal, junto à Ilha da Marambaia. Dessa forma, esperávamos sentir menos os efeitos da maré no barco, principalmente porque nesse bordo, estaríamos dando a face da quilha para a maré. Quando cambássemos para sair da baía, estaríamos no canto do canal (onde normalmente a maré é mais fraca) e com a quilha de frente pra maré, reduzindo seu efeito.

A estratégia deu certo! No cruzamento com os barcos que foram para o lado da Ilha Grande (bordo da direita), o Araiti - um barco de cruzeiro, pesado e com velas cansadas passou na frente de vários barcos regateiros.

Optamos, então, por velejar não muito perto da Ilha da Marambaia, a fim de fugir do rebojo formadopelas ondas que batem no costão, mas não queríamos nos afastar muito da costa, pois esperávamos uma rondada para NE, que favoreceria quem estivesse mais aterrado.

O fato é que o vento não rondou e pra piorar, foi morrendo, morrendo, até virar uma brisa. Aquilo para o Araiti era tudo que não desejávamos. Nossa velocidade caiu muito e viramos presa fácil para os regateiros. A tocada do barco ficou mais técnica e a velejada mais monótona. De emocionante (ou seria tensão?), naquele momento, foi a aproximação de um navio porta container.

Pra quem já teve a oportunidade de cruzar com esse verdadeiros montros, sabe o risco que um veleiro corre nessas horas, já que muitas vezes o navio não enxerga o veleiro. Como nós estávamos mais ou menos no rumo do monstro, fomos para o rádio tentar avisá-lo da nossa presença ali. Como não obtivemos sucesso na nossa empreitada, restou observar atentamente o movimento do bicho e ficamos preparados para uma manobra evasiva, caso necessário.

Cruzando com o "monstro de aço"
Bem, passados esses minutos de observação e tensão, a única novidade foi o vento ter ido embora de vez, transformando-se numa brisa fraca e entediante. Estávamos bem na divisa da Restinga da Marambaia e Guaratiba. Ali ficamos velejando, ora pra frente, ora para trás, empurrados pela correnteza que corria contra. Às 11h da noite completamos 12 horas de regata ainda na metade do percurso. Se o vento estivesse generoso e a favor, esse era o tempo previsto para completar a prova inteira... Paciência.

Pra mim, a parte difícil com a redução do vento foi aguentar a saudade do meu filhote, a pressão dos compromissos assumidos para o dia seguinte (domingo) e a monotonia de ficar parado no meio do mar, sacudindo pra lá e pra cá. Aliás, falta de vento e mar mexido é uma combinação fatal pra quem mareia. Dessa vez, não consegui escapar e por duas vezes mandei cargas ao mar.

A tripulação morgada
 O domingo veio e com ele uma leve brisa começou a soprar por volta das 10h. Imediatamente o moral (ou seria a esperança?) da tripulação se elevou e todo cansaço da travessia até aquele momento virou disposição para completar a regata. O clima a bordo permanecia ótimo, com muitas brincadeiras e alimento farto.

Após praticamente 12h parados, a brisa que soprava nos ajudou a avançar mais um pouco e assim atravessamos a Barra da Tijuca, quando novamente o vento fraquejou. Entre alguns bordos e muito capricho no velejo, conseguimos chegar em frente à praia de São Conrado, onde o rebojo das ondas refletindo no costão acabou prendendo um pouco o barco. Ainda assim, o clima a bordo permanecia animado, graças à distância cada vez menor do nosso destino.

Nossa regata já contabilizava mais de 24 horas de navegação quando o Leste voltou a soprar, dessa vez com vontade. Imediatamente avaliamos a situação, refizemos a estratégia e demos um bordo para fora da costa, a fim de fugir do rebojo da proximidade do costão do Vidigal, para ganharmos altura, a fim de dobrarmos a ponta do Arpoador e, por que não, passarmos pelo belo arquipélago das Ilhas Cagarras.

Sendo assim, com o vento que desejamos para toda a travessia, rumamos acelerado para o boca da Baía de Guanabara, armados até os dentes para enfrentar nosso último desafio: vencer a forte maré vazante que rolava naquela hora.

Vento generoso de E e nosso destino no visual
A fim de evitar ficar sem vento e desejando aproveitar as ondas que adentravam o canal de entrada da Baía de Guanabara, optamos por deixar a Ilha de Cotunduba por bombordo, fugindo de sua sombra.

Sabíamos que ali pegaríamos mais maré contra, mas com as ondas que estavam rolando e o vento farto, na casa dos 15 nós, a chance de não lograrmos êxito era pequena.

Para loucura do nosso comandante, Luciano, surfamos ondas a até 7,5 nós de velocidade e repidamente nos aproximamos da linha de chegada. Mais precisamente às 17h38 entramos na Baía de Guanabara e cruzamos a linha de chegada. Então, naquele momento, foi só abrirmos as latinhas de cerveja gelada desde Angra e brindarmos o atingimento de nosso objetivo. Sem acidentes, sem discussões, com tudo tendo corrido da melhor maneira possível.

Mais do que termos vencido a regata em nossa categoria, nós vencemos a nossa regata! Vencemos as condições que se apresentaram. O vento e o mar contra. Vencemos minha vontade de ter desistido, depois de 12 horas boiando. Estreitamos laços de amizade que só o mar pode proporcionar.

Enfim, ... velejamos.


Até a próxima!!!


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CONVERSANDO COM A ALMA

Meu amigo Luciano Guerra, comandante do veleiro Araiti - um belíssimo Velamar 31, ano 2007 me convidou, semanas atrás, para integrar a tripulação do seu barco na regata Angra x Rio. Esse é um trecho da costa brasileira que conheço bem e que adoro passar por ali, de maneira que não poderia deixar de ir.

Os dias foram se passando e com a proximidade da regata (largada no dia 22/10), a ansiedade foi aumentando e a alegria de voltar a navegar naquele trecho é cada vez maior.

O Araiti em ação no Circuito Niterói - 2010, em foto de Fred Hoffmann
 Mas outro sentimento também tomou conta do meu coração nesses dias e que tem me feito refletir profundamente:

Desde que meu filho nasceu, tenho procurado ficar em casa, dando o máximo de apoio que posso e suporte à minha esposa e cuidando do bebê. Nessa nova etapa da minha vida, dentro de mim, flui naturalmente a vontade de velejar e fazer minhas travessias, apesar de ainda não ter feito nenhuma, desde que ele nasceu.

Agora que efetivamente irei me ausentar para fazer uma travessia, mesmo curta e próxima de casa, ao saber que onde estarei não poderei largar tudo e correr em seu socorro, algo diferente está me consumindo. E acho que já tenho o diagnóstico: estou morrendo de saudade dele antes mesmo de me afastar.

O sentimento é bastante esquisito, pois a vontade de velejar está lá, latente, e estou feliz por essa oportunidade, mas a vontade de estar com aquele "pouquinho" de gente, balbuciando seu idioma e sorrindo pra mim também é igualmente forte.

A coisa mais linda e importante deste mundo
Ontem de noite, em casa, com meu pequeno no colo e dando-lhe mamadeira, eu já não cabia dentro de mim de aperto no coração. Hoje foi difícil trabalhar. Estou procurando me confortar, tentando convencer a mim mesmo que a distância será boa para aumentar a saudade (como se a minha já não fosse suficiente)... Acho que isso será bom para me estimular a caprichar mais na regulagem do barco e andar mais. Só assim chegarei mais cedo em casa e agarrarei meu filhote.

Estou descobrindo mais uma forma de amar e um novo sentido para a minha vida. Que responsabilidade! Que prazer! Que alegria!

Que venham os adversários!!!

Bons Ventos



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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O DESFECHO DO FOGÃO

Acreditem, ...

Depois do não cumprimento do prazo prometido para entrega do fogão, depois de eu ter ligado e cancelado a compra e depois de eu ter denunciado o convênio do site com a empresa onde trabalho, os caras apareceram na minha casa e entregaram o bendito fogão no dia 06/10 (8 dias depois do prazo).

Confesso que refleti bastante e cheguei a decidir ligar pra lá e devolver o fogão, mas, conversando com colegas do trabalho, me convenceram que seria um contrasenso devolver algo que realmente preciso (e teria que comprar em outro lugar), pois se foi um parto pra cancelar, seria outro para conseguir devolver e não ser cobrado.

Tive, então, o maior trabalho de ligar pra lá e, mesmo com a compra cancelada, desfazer o cancelamento.

O que me restou fazer foram 2 enormes e-mails para o SAC da empresa e para o setor daqui da empresa responsável pelo convênio, relatando todo o ocorrido.

E vida que segue!!!

O fogão da discórdia

Bons Ventos



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domingo, 2 de outubro de 2011

ACHO QUE AGORA VAI

Olá pessoal,

Será que a novela chegou ao fim?

Na última 6ª feira, o mecânico Josivan veio de Ubatuba para terminar o serviço no motor do Mystic. Restavam pendentes a troca da bomba de água salgada, que estava subdimensionada para aquele motor e resolver um problema de ar no sistema de abastecimento de combustível.

Infelizmente, por compromissos profissionais, não pude estar presente para assistir / fiscalizar a execução do serviço, mas no sábado cedo, estávamos lá, para finalmente terminar a faina e realizar um breve teste na máquina, já que tinha compromisso e não poderia me estender muito.

Eu juro que fiz de tudo para testar se alguma coisa poderia dar errado, mas não consegui, sequer, perceber alguma alteração no giro da máquina, tão justa ela está.

Infelizmente, no sábado, não deu pra fazer um teste de desempenho do barco, pois os quase 3 meses do barco praticamente parado nas águas da Baía de Guanabara já juntaram uma boa quantidade de cracas, não só no fundo, mas no hélice também.

Já estou providenciando a limpeza do fundo para, em breve, fazer um teste de verdade. Por ora, já estou muito satisfeito com a maciez do motor.

Até a próxima.


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