Olá amigos,
Quanto tempo, hein? Realmente faz tempo que não escrevo aqui. Não que o barco esteja parado ou eu tenha desistido, mas uma junção de fatores acabaram me afastando um pouco da escrita. De qualquer forma, o desejo de retomar "os causos" é muito grande e pretendo acrescentar pelo menos uma postagem a cada mês.
Bem, neste período, muitas coisas aconteceram. Além, é claro, dos passeios pela Ilha Grande, em março tirei o MYSTIC da água para fazer pintura de fundo, efetuei a regularização da poita do barco junto à Capitania dos Portos de Angra e, na parte triste desta crônica, comentar um acidente ocorrido a bordo.
Então é isso! Se acomode aí na frente do computador porque temos muita coisa pra conversar! (rs)
Carnaval é no paraíso!
Nunca fui muito chegado ao Carnaval. Aos 43 anos de idade, posso dizer que hoje dou muito mais valor a fugir para um lugar tranquilo, onde possa estar com a família e os amigos, sem muito barulho e sem muita aglomeração. Neste Carnaval, reservamos uns dias para levar nosso filhote
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Comandante e Imediato |
aos bailezinhos do clube e nos outros, fomos para a Ilha Grande. Ao fazer a programação, sabíamos que o trânsito de Niterói para Angra ia estar horrível, então programamos nossa ida para a 2ª feira de Carnaval e o retorno para a 4ª feira de Cinzas, após o almoço. Mesmo assim, pegamos engarrafamento, pasmem, na ida.
Chegamos em Angra no esquema de sempre: almoço no clube e partida para o Bar da Telma, no Sítio Forte. Convidados a bordo estavam o Gustavo e sua namorada, Sabrina, que são pessoas que gosto muito de ter a bordo, pois são ótima companhia e o Gustavo é um excelente velejador.
A travessia foi a vela, apesar do vento fraco. Como o papo estava legal e o dia bonito, chegar rápido era o que menos importava. Resolvi passar no Bar do Lelé e encontrar o Fábio Pezzotti, do veleiro Teimosia II. Acabou que pegamos uma poita por lá, ficamos nadando e dormimos ali mesmo.
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MYSTIC e Teimosia, no paraíso |
Acordamos na 3ª feira, tomamos café e logo partimos para a Telma. O Fabinho ainda ficou mais algum tempo lá no Lelé e só apareceu na Telma de tarde. Nós já havíamos nadado, comido peixe, tira gosto "náuticos" diversos, Leite da Macaca e muita diversão com o filhote. Com a chegada do Fabinho e sua esposa - a Andressa, o bate papo ficou animado e nem sentimos o dia passar.
Na 4ª feira, partimos logo após o café da manhã, sempre no esquema de chegar no clube, arrumar o barco e partir após o almoço. O Teimosia II, em sua primeira temporada com o Fabinho no paraíso, seguiu para outras paragens em continuação às férias dele.
Fralda nova
Março foi o mês escolhido para docar o barco e realizar a pintura de fundo no MYSTIC. Após 3 anos, as cracas já se sentiam com residência fixa no casco e o intervalo entre cada raspagem estava ficando cada vez menor, com cada vez mais dificuldade de arrancá-las. Sendo assim, comprei dois galões de tinta anti-incrustante Renner e contratei o Celestino "Guinho", lá do ARMC para fazer o serviço. Como todo profissional decente que se preze, o preço não foi barato, mas posso atestar que o serviço ficou bem feito, fora a confiança e tudo o que o Guinho faz por mim quando não estou perto para resolver, ou seja, o valor pago foi justo.
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MYSTIC no seco, no Marinas Clube |
O barco foi docado no próprio ARMC e permaneceu 4 dias em seco. A curta estadia foi beneficiada pelo ótimo sol e calor que fazia, que acelerou bastante o trabalho do Guinho. Eu gostaria de ter aproveitado a docagem para substituir um registro do barco que não está abrindo mais, mas infelizmente não tive como ir para Angra trabalhar e a faina vai ser um pouquinho trabalhosa, pois parte do registro foi fibrada ao casco.
Licença para poita
No início do ano fui avisado lá no clube que a Capitania de Angra estava dando uma "moralizada" nas poitas de sua jurisdição e que já haviam passado lá no ARMC. Depois ouvi outro comentário de que estariam cortando poitas irregulares...
Quando comprei minha poita, não recebi qualquer documento de registro na CPAR (Capitania de Angra). Embora meu material (bloco de concreto, corrente e principalmente a bóia) estivesse todo conforme a Marinha exige, entendi que era uma boa oportunidade para regularizá-la na Capitania. Pesquisei na internet, peguei dicas valiosas de conhecidos e telefonei para lá. Em março, então, no dia que o MYSTIC foi docado, aproveitei para dar entrada na papelada e também providenciei uma bóia nova para a poita, afinal a Capitania havia dito que fariam uma vistoria no local.
Bem, a parte legal dessa história foi o atendimento da Capitania. Sempre que precisei entrar em contato com eles, foram bastante solícitos e engajados em resolver o problema. O melhor exemplo disso foi justamente a vistoria: nas instruções, eu é que teria que levar um oficial ao local para a vistoria, mas na prática, eles foram lá (pelo menos disseram que foram), vistoriaram e tomaram as coordenadas do local para o registro. Nota 10!!!
A parte ruim é que eles não fornecem um documento, na minha opinião, claro de que eu tenho o direito de utilizar aquele local para poitar minha embarcação. O documento (uma carta, na verdade) me reserva aquele espaço, mas é uma "autorização de obra", válida por X anos. Para mim, deveria ser um documento mesmo (tal como o da embarcação), onde deveria estar expresso que aquele espaço me foi cedido para fundear minha embarcação e que tenho direito a ele.
De qualquer forma, agora estou totalmente de acordo com as regras atuais e não devo mais nada a ninguém.
Passeio e tristeza
Aquele final de semana tinha tudo para ser tão bom quanto os de sempre. No início de julho partimos para Angra, dessa vez na 6ª feira de noite, após o jogo do Brasil, com a ideia de pernoitar no cais do clube e seguir para a Telma (Sítio Forte) no sábado de manhã, após o café. Dito e feito, zarpamos no sábado de manhã a motor, pois não havia uma gota de vento. Fomos direto para a Telma loucos para estrear nosso novo brinquedo - um stand up inflável. A água estava com uma transparência maravilhosa e numa temperatura bastante agradável. Chegamos, pegamos uma poita e logo inflei o brinquedão. Além de diversão e exercício, queríamos testar se seria possível juntar eu, minha esposa e o filhote ao mesmo tempo, para transporte da poita para a praia. Não posso dizer que não conseguimos, mas não sem pagarmos o mico de um tombo em conjunto. (rs)
Passamos um sábado agradável, principalmente depois da chegada do Ulisses e da Marcela no seu Caulimaram II. Brinquei com o Gustavo até cansarmos e todos batemos bastante papo até o fim da tarde, quando o frio indicou a hora de se recolher.
Fomos para o barco e a Renata foi botar água pra esquentar, para dar banho no Gustavo e eu fui ao banheiro. O Gustavo está mais do que acostumado a entrar e sair da cabine, já com enorme desenvoltura. De dentro do banheiro escutei o barulho de um tombo e o choro dele. Logo em seguida a Renata me pediu pra sair logo, pois achava que tinha acontecido algo mais grave. Saí e perguntei ao Gustavo o que tinha acontecido e ele contou que o barco balançou e ele caiu pra trás, do primeiro degrau da escada, bem atrás da Renata. Fazia sentido, porque o barulho do tombo foi pequeno e suave e confesso que não acreditava ser algo mais grave. Fizemos alguns exames na hora e realmente constatamos que o cotovelo havia inchado muito e rápido. Decidimos partir imediatamente, em busca de socorro em alguma clínica de Angra. Começava ali uma peregrinação que só acabaria em Niterói.
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Papai, filhote e o brinquedão |
Nossa primeira providência foi aplicar uma pomada gentilmente cedida pelo Ulisses e imobilizar o bracinho dele com atadura que temos a bordo. Zarpei imediatamente pra Angra e durante o caminho nosso pequeno dormiu no colo da mãe. Aproveitei o piloto automático e já fui arrumando todo o barco, de forma a não perder tempo quando chegássemos no clube. Ao chegarmos, fui me informar onde poderia levá-lo em Angra, mas na ausência de informações confiáveis, aproveitando que ele estava quietinho, dormindo, decidimos partir para Niterói, onde sabíamos que haveria socorro de qualidade disponível a qualquer hora. Assim o fizemos.
Chegamos ao HCN, em Niterói às 23h30 e, depois de uma peregrinação e alguns desencontros de um atendimento ruim, tivemos o diagnóstico de uma fratura no cotovelo. Esta semana, após pouco mais de um mês, nosso pequeno retirou a imobilização e agora é retomar a vida normal.
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Com o bracinho na tipóia |
O acontecido nos fez refletir sobre algumas coisas, como a necessidade de manter a bordo uma relação de pontos onde se possa conseguir socorro com alguma qualidade na região de Angra, em caso de acidente. Eu também refleti sobre onde falhei na hora do acidente, embora tenha concluído que realmente foi uma fatalidade. O médico que cuidou do Gustavo disse que essa é uma fratura muito comum em crianças da idade dele e que ele não carregará qualquer sequela em sua vida. Foi um grande susto, uma tristeza enorme que não desejo pra ninguém. Espero que o Gustavo não carregue algum trauma do acidente e tão logo possa, quero voltar ao Sítio Forte, pois temos um excelente final de semana que precisamos finallizar.
Férias no trabalho é trabalho nas férias
Na semana seguinte ao acidente, entrei de férias no trabalho. Com as tardes relativamente livres, resolvi dar um trato no motorzinho Mercury 3.3 de apoio do MYSTIC. Nunca tinha feito nada nele, além de limpar carburador, mas de um tempo pra cá ele quase não "mijava" água na refrigeração, além do seu funcionamento estar sofrível.
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O rotor |
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Tudo entupido |
Primeiro limpei e regulei o carburador, mas ele continuou funcionando mal. Fui desmontar o rotor e acabei deixando vazar o óleo da rabeta. Tudo bem... já ia trocar mesmo. No desmonte da rabeta, descobri que o pino do hélice tava todo empenado e o próprio hélice quebrado por dentro.
Bem, troquei o rotor, comprei um pino novo e recondicionei em casa, com araldite, as partes quebradas do hélice. Depois de montar tudo, liguei o bicho e cadê a água? Desmontei tudo de novo e fui percorrer o caminho da água. Descobri um enorme entupimento no sistema e, na medida do possível, raspei os canais e desentupi o que deu. Montei tudo, botei o óleo da rabeta e liguei o motor. Funcionou perfeitamente e a água voltou a jorrar. Gostaria que saísse mais água, mas a verdade é que o tanto que saiu foi mais que suficiente para refrigerar a máquina. A água saía morna e isso pra mim é suficiente. Resta agora pendurar o motor no bote e sair para dar um rolé para testar se fiz tudo direitinho.
Bem pessoal, era isso. Os planos para a próxima aventura é trazer o MYSTIC para Niterói em breve, para mais uma rodada de manutenções, antes de retornar para a temporada de verão.
Bons Ventos.