quinta-feira, 25 de outubro de 2012

UM FINAL DE SEMANA QUASE PERFEITO


Fazia mais de 1 mês que o MYSTIC não recebia a nossa visita e isso vinha me incomodando, afinal, o que estraga um barco não é o seu uso e sim, a falta dele. Os compromissos intermináveis de uma família que tem um filho pequeno acabam dificultando um pouco nossas idas à Angra.

 
Nesse final de semana tínhamos um evento da creche do Gustavo e o tempo também estava meio "engonhado". Isso estava me deixando desanimado para viajar, mas o Ulisses (veleiro Coronado) - meu parceiro de sempre, botou uma pilha para um encontro do MYSTIC com o Coronado em alguma enseada da Ilha Grande e, também sentindo que a galera da creche estava meio desanimada para o tal evento, não foi difícil decidir partir pra Angra.

Nas últimas vezes em que fomos pra Angra dos Reis, nosso destino foi o Sítio Forte - ou pro Bar do Lelé, ou para a praia ao lado (Tapera), para o Bar da Telma. Além de ser a parte da Ilha Grande que eu mais gosto, definitivamente nos é o mais prático, em termos de logística para o nosso pequeno. Apesar dessa praticidade toda, eu já estava incomodado com a possibilidade de visitar tantas outras enseadas que a Ilha nos oferece e nós sempre rumando para o Sítio Forte. Decidimos então, dessa vez, visitar o Bar do Cadiquinho, com sua excelente culinária, localização intimamente ligada à natureza (fica dentro de um mangue) e o ambiente acolhedor à comunidade velejadora. Sendo assim, a proa do MYSTIC apontaria mais para SE, com destino ao Saco do Céu.

 
Já em Angra, após o tradicional ritual, de chegar ao clube, dar almoço pro Gustavo e preparar o barco, icei as velas para zarpar. Ao abrir a capa da mestra, para minha surpresa, dois ninhos de passarinho - um deles com dois ovinhos cairam no convés do MYSTIC. Os ovos não se quebraram, mas o estrago já estava feito: eu havia tirado o ninho de um ponto que não percebi e mexi nos ovinhos. Naquele momento fiquei muito triste em destruir duas pequenas vidas. Precisou a Renata me chamar à razão e me lembrar que esta é a ordem natural da vida. Que algumas vidas se perdem e outras florescem. Que poderia ser algum predador roubando violentamente os ovos da mamãe passarinho ou coisa pior. Engoli a tristeza e ofereci aquelas pequenas vidas ao mar.

Partimos do clube com a mestra rizada e a genoa 100%, pois o Ulisses havia ligado avisando que ventava um W acima de 15 nós no canal entre a Ponta Leste e a Ilha dos Macacos. Como estava com o Gustavo a bordo e tocando o barco sozinho (a Renata fica full time de olho nele e estava sem o Jarbas - nosso piloto autoático), essa foi a providência mais prudente que tomei.

Ao sair da baía do Porto de Angra, medi um vento de 16,4 knots. Como ele entrava de alheta nas velas do MYSTIC, icei completamente a mestra e segui viagem. Mesmo com os panos todos em cima,  o barco permanecia estável, mas seu desempenho estava pífio, por causa das cracas no casco, além de estarmos rebocando um botinho. Devido ao adiantado da hora e o desejo de não chegar de noite no Saco do Céu, liguei o motor em marcha lenta para ajudar o velejo.

Ilha Saracura
Quase na Ponta Leste, em frente à Ilha Saracura, encontramos o Coronado e seguimos lado a lado, tirando fotos e filmando nossos barcos. Foi uma velejada gostosa, com um clima bastante agradável. Adentramos o Saco do Céu com a tarde caindo e cada um pegou uma poita em frente à foz de um riacho, onde um pouco acima fica o restaurante do Cadiquinho.

Imediatamente surgiu um bote de fibra para nos buscar, direto das entranhas do mangue. O traslado para o retaurante foi um passeio a parte, onde avistamos pequenos caranguejos e algumas aves. O legal foi perceber a preocupação do Cadiquinho com a preservação daquela área. O piloto manobrava o barco com cuidado e vi algumas placas avisando que ali era área de preservação.


O mangue, visto da mesa do restaurante do Cadiquinho

Já no restaurante, enquanto o Gustavo corria pra lá e pra cá, tivemos a companhia do Cadiquinho em nossa mesa e, entre uma cerveja e outra, nos deliciamos com um polvo ao vinagrete ofertado pela casa. Nosso almojanta foi uma bela moqueca que, como sempre, estava uma delícia.

Fim de noite no cockpit do MYSTIC
Mais tarde, após um papo pra lá de animado, voltamos nós e a turma do Coronado para o MYSTIC onde ainda estendemos nossa conversa até mais tarde, quando o sono já falava alto. Fomos dormir ao som de uma leve chuva que caiu durante a noite e que ajudou a refrescar o calor que mesmo de noite, não diminuia.


O domingo amanheceu ensolarado e sem vento. Logo após o café da manhã oferecido a bordo do MYSTIC, pulei na água com meu pequeno e pela primeira vez em nossas vidas, nadamos juntos e brincamos no mar, com o Gustavo completamente solto. Esses momentos são uma dádiva de Deus. Como se não bastasse a alegria de ter um filho como o que tenho, tê-lo brincando comigo no ambiente que mais gosto (o mar) e ao lado do meu barco, é impagável!!!



Momento impagável

Após o lazer, ainda aproveitei a ajuda do Ulisses e raspamos o fundo do MYSTIC, que não tinha cracas, mas estava cheio de uma vegetação meio esponjosa e que saía facilmente com a espátula.

Deixamoso Saco do Céu a motor, com o céu ficando um pouco nublado e uma leve brisa de E/SE soprando. O Coronado tomou seu caminho de casa, rumo ao Portogalo e nós, próximo do TBIG (Terminal da Petrobras na Ponta Leste), cortamos máquina e velejamos de asa de pombo até a entrada do Porto de Angra, quando iniciei a faina de guardar tudo para não perder tempo na poita com arrumação.



Velejando de volta pra casa

Tão logo amarrei o MYSTIC em sua poita, as mamães passarinhos começaram a sobrevoar a retranca do barco em busca de seus ninhos. Uma até tentou entrar por dentro da capa, mas nossa presença a espantou. Confesso que meus olhos marejados e olhava pro Gustavo e pensava no amor que sinto por ele...

Mais um final de semana se acabava, porém as boas recordações e as emoções que vivi ainda durarão mais um tempo para se apagarem. Talvez o tempo suficiente para voltarmos para aquele paraíso e vivermos nossa aventura a bordo do MYSTIC.

Até a próxima!!!

Ulisses, filmando e fotografando o MYSTIC


MYSTIC e Coronado, nas poitas do restaurante do Cadiquinho


MYSTIC, no Saco do Céu


Desde perqueno, se divertindo dentro de barco


Pico do Papagaio, visto de outro ângulo


Comandante, curtindo a velejada

Nenhum comentário:

Postar um comentário